Havia passado um ano.
Por fim, mudava de casa e amontoava caixas e livros e discos de vinyl pelo chão.
Cumpria-se um ano; pelas datas nos últimos post its que haviam ficado colados nas paredes, nos perfumes, nas suas revistas preferidas, com palavras avulsas, irônicas, carregadas de tesão e afecto. Pelas últimas contas que ainda chegaram em nome dela. Pela carta que lhe escrevera, tão fora de moda, escrever cartas, sobretudo de despedida, a soltar a angústia do que lhe faltava e que ele não percebera, o que nunca conseguira exprimir do tempo errado, dos ritmos desarranjados.
Passara um ano que fora a cada dia destruído pela saudade, incapaz de focar-se em outra direcção, todos dias mais seguro que sempre fora ela, há 20 anos, há 12 meses, agora
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