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Do amor de sempre




Quem gosta de despedidas? A falsa ilusão da efemeridade quando na verdade são como cartas que se gastam com o tempo, perdem a cor, tal é a força do adeus. 

E, no entanto, havia que despedir-se. Daquele tom de pele moreno, mais acicatado pelo sol, mais profundo de qualquer angulo que se observasse. Os olhos densos, negros, com a ironia a bailar, duros, que vacilam perante o inesperado ou se iluminam enquanto a criança submerge. A boca doce, capaz de desferir golpes dolorosos com palavras, e de beijos insanos de fazer esquecer o onde e o quando. O corpo quente, magro, que se funde com naturalidade, num entendimento obvio, com tatuagens que tremem as pernas. O toque conhecedor, temerário, meigo e senhor de si, vagando entre marés vivas e água calma. 

Mas era o raciocínio, veloz, o fio de pensamento, mordaz, douto, escorreito, critico, ferido, cheio de sombras não admitidas, de seguranças que se podiam desmontar, tão assassino como audaz; era o rasgo de inteligência que esmagava o peito, que comprimia noites em branco. Que perseguia sem fim por muito que corresse, que fugisse, que anulasse, que não quisesse. Era uma imagem que tinha que expurgar. Era a terapia, a cura, o desígnio, o arrependimento, o fim.

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