Esperava-a do outro lado da rua. Sabia que a veria, sem se aproximar, e seria tarde de mais, mas impossível de conter o frio da ansiedade que o paralisava.
Nunca lhe dissera. Pusera entraves. Criaram-se circunstâncias que permitiram adiar a dança. Não tinha que mostrar-se, definir-se, para ter acesso ao riso solto e aos olhares conhecedores e aquela serenidade de se encostar a ela.
Ela passou, esquiva, forte, solitária, e era mesmo assim tarde de mais.
Ela esgotara-se dos talvez, das ausências, das intermitências.
Fora imaturo, ambicionara o banal quando podia ter apontado para o genuíno, completo, o Big Bang. E agora era tarde de mais.
Ela fingiu que nem o vira.
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