Um dia ofereceste-me um presente. Vindo do nada. E soube-me a tanto.
Devo ter demorado a desembrulhá-lo, com cuidado, com a mesma calada expectativa de sentir os teus dedos a percorrerem a minha espinha. Rodar as folhas de papel que o escondiam com a mesma controlada pressa com que me encostarias a parede.
De tocar no presente que me deste com volúpia e ouvir-te explicar o porquê daquela escolha, com a minha mente a absorver mas, em simultâneo, imaginar usares o mesmo entusiasmo quando me cantasses ao ouvido.
Um dia, ofereceste-me um livro. Que li sôfrega nessa noite. Ofereceste-me um livro e o que soa banal marcou, em silêncio, fechado em mim, uma memória que me atravessa ao longo dos anos.
Ofereceste-me um livro e foi como se aprendesse a ler naquele momento.
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