Ele é uma paixão avassaladora, uma coisa inexplicável que consume por dentro, que me dá ganas de o beijar, acariciar nos meus braços, dar-lhe o ânimo que ele parece não querer e não precisar porque, na verdade, não necessita de mim, sou apenas uma brisa que lhe deu ar num momento e que se desvaneceu com pressa.
Percebo agora quão penoso é deixá-lo ir e como queria que ele voltasse, mas à minha maneira, a esforçar-se por uma sedução eficaz que me deixasse de rastos sem que eu o revelasse, que me colocasse pronta e disposta sem que ninguém percebesse, que, enfim, me convencesse, embora aparentasse dúvida.
Ele será o grande momento do meu passado, o meu pequeno passo em frente e por causa dele descobri como sou abnegada, como posso ferver no interior por uma outra pele que pulsa com o seu aroma característico, com a sua energia vigorante, com um contacto letal como uma adaga adornada de diamantes e pérolas.
Apesar de tudo tenho que conviver com ele com naturalidade, como se não passassemos de bons amigos. Olhá-lo a mover-se na sua timidez insolente, na sua forma calada de observar de modo distante como se o seu pensamento estivesse por perto mas tão longe, sempre mais longe que um golpe de asa.
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