Os anos, as histórias, as
cicatrizes, as tatuagens, as noites ébrias, o acordar sóbrio, as dores, a
dança descontrolada de emoções.
O orgulho, a entrega, a força, a paixão, a
cegueira, o racional que cede ao mais descabido improvável. A raiva, o amor, a
dúvida, a euforia, a esperança, o desmoronar.
O fugaz, o consumo rápido e
descartável, o compromisso, o receio, a expectativa. A impaciência, a
intolerância, a falta de vontade de começar do zero.
O desejo, a avidez, a
imperfeição pautada por gargalhadas, a tesão em gotas de suor e olhos famintos.
A partilha, a distância, o querer tanto e tanto calar, a explosão arrebatada, a
plenitude.
A tempestade, a tristeza, o vazio. O querer estar só, a solidão, a
ânsia pelo abraço silencioso.
Os beijos que são tudo, os beijos estranhos de
rostos que nem lembramos.
A auto punição, sensação de mais um erro, a pulsão do
falhanço, o sintoma do irreparável. A certeza de que fazemos tudo mal.
É uma
construção. São anos. É uma fome. Textos largos que vamos escrevendo. Um livro
que encerramos e deitamos fora o cadeado. Somos todos peões descartáveis.
E quem não quer mover-se, queda-se protegido pelos seus medos. Que vencem. E
que nos protegem. São a adrenalina que nos pontapeia e relembra que não há
ninguém.
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