Ele deitou-se e no silencio, na escuridão, na solidão e imaginou-lhe o cheiro solto do cabelo que lhe costumava cair no peito quando ela se aninhava nele a ler. O sabor vibrante, sequioso, apaziguador da sua boca quando o calava por entre risos e desejo evidente. Ela partira. Tinha ido há já algum tempo mas não sabia determinar quanto. Parecia-lhe muito desde que a porta batera com um estrondo e os saltos dos seus sapatos tinham ecoado nas escadas de madeira antiga. Desligara o voice mail portanto não lhe podia deixar mensagens. Havia-o bloqueado, não lhe podia ligar nem chamá-la pelas redes sociais, para lhe repetir à exaustão como sentia falta de dormir encostado a ela. De a ver maquilhar-se pela manhã com precisão paciente e fria. Das respostas mordazes e cirúrgicas sempre na ponta da língua, pronta a provocar quem estivesse em seu redor. Estiveram tão perto mas deixaram tudo invadir pelo meio. Ele permitiu-se ao luxo de não lhe dizer quanto a amava, todos os dias. ...
Stuck In Reverse