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Dos pedidos



Pediste-me que esquecesse as reservas e baixasse a guarda. Construir é entrega para um bem comum sem esgotar o nosso universo, sem extinguir chama própria.

Pediste-me que acreditasse na força das tuas mãos nas minhas costas. Na tua boca a devorar-me o pescoço. No carinho dos teus braços em mim. Na vontade de o repetir todos os dias.

Pediste-me que não ficasse na sombra, não deixasse o lado mais negro toldar as minhas decisões e a reger os meus receios e hesitações, que me libertasse dele para sob um riso contagiante entrar num caminho mais cómodo, de quem genuinamente gosta. De quem se quer. De quem almeja a descoberta e a conquista diária.

E, embalada no afago das tuas certezas e no calor da tua voz, acedi com convicção de que não seria uma vez mais uma batalha perdida e um reflexo imaginário.


Algures pelo caminho, perdi-me. Sucumbi que nem folha de papel ao engano. E podia pedir-te misericórdia; prefiro não ceder mais e subir as muralhas. Mais alto.

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