Quando ris, iluminas a sala por muito escura que esteja a noite. Por muito frio que seja o vazio que nela reina, rapidamente, é colorido com a expressão que de ti sai com a força destruidora do teu sorriso.
Quando ris, apetece-me reter-te assim. Colar-me a ti e partilhar essa tua alegria. Deixar que a tua música me console o silêncio de outros momentos, deixar-me inspirar pela forma como seduzes o som que enche o pouco espaço livre que há entre nós. Quando me tocas, a lua baila lá em cima tão perto de nós, revelando o meu rosto perdido em ti, rosto descoberto pelo cabelo que afastas de modo decidido. Sinto que esse toque me anestesia o corpo que fica preso àquele segundo em que renovamos o olhar.
Quando me abraças, o teu calor contagia-me a vontade e eu quero sempre mais, perder-me e vaguear pelas horas, no ponto incerto da nossa geografia. Fazemos o nosso esconderijo e la não sinto mais nada, deixo a paisagem que nem vejo. Quando te cansas, procuras o colo para te reconfortar a exaustão que te dá prazer. Que confessas num descuido leviano e que logo tentas esconder novamente.
Quando a lua beija o rio num espelho de prata e a música rola devagar, o teu peito bate à pressa como se fugisse do olhar quente que deposito na viagem guiada a ti em busca de uma chama, de uma praia, de uma estrela que possa seguir mas encontro uma noite no deserto, pacifica, em profundo silencio e tão aconchegante que o mundo cessa sem respirar.
Quando a madrugada nasce, espreguiças o olhar no horizonte e devolves-me ao meu lado da vida ainda com os dedos no meu cabelo, presos por fios de seda que te acariciam o peito. Quando do sono desperto, creio que me encontrei algures e que me cruzar contigo será sempre um ponto de partida.
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Obrigado pelas preciosas informações sobre os pagamentos da revista i. Fico mais descansado.
josé Fonseca