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Do quase




Disseste que ia ser diferente. 

Que sucumbias com facilidade, por vezes excessiva. 

Que cedias sobre uma pele que te acalmasse e te amasse de volta. 

Que te entendesse nos ocasos. 

Que dançasse ao som da mesma loucura aos primeiros raios de luz. 

Que adormecesse contigo nos meus joelhos sob o peso de um livro num sofá gasto pelo nosso corpo.  

Disseste que não ias ser consumido pelo medo. Como se surfasses já há muito e não receasses atirar-te às ondas em mar de inverno. E que ias aproveitar a viagem mesmo com os pés na areia fria. 

Quase acreditei que tinhas força em ti. E quase acreditei que tinhas gosto por risco e vontade de sentir algo de volta. E quase acreditei que tinhas percebido que queria acreditar. Mas foi só algo que te sucedeu num momento em que te tinhas distraído. O semáforo, entretanto, ficou verde e seguiste em frente. 

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