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Do que não é suficiente



São os abraços quentes, ternos e que permitem rendição. São os beijos inesperados, fortes em tremor, desejo confessado ali mesmo, sentimento de pertença no sítio e hora certos, um sabor que escalda no mais profundo do nosso interior. São mãos sabidas que percorrem as costas com dolência e sentimento de protecção. 

É um conforto que embala, que ampara, que anula a ânsia que consome. É bom. É suave e explosivo. É calma e pressa. É desfrutar e consumir avidamente. 

E porque não é suficiente? E porque não nos deixamos ir em prazer e em queda livre sabendo que vamos aterrar e tudo fica bem mesmo que possamos esfolar um joelho? Porque se viram as costas, se negam as pessoas, se ignoram os toques de pele e o suor nas almofadas? Porque escasseia o tempo e sobram as razões para o "não"? Para onde vai a vontade, a paz do abraço, a magia do beijo, a antecipação de mão na mão? 

Fodemos mais a nossa alma do que os nossos corpos. 

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