Avançar para o conteúdo principal

hoje estou triste

já acordei consumida com uma força a apertar cá dentro. Ou seja, o estado de espírito predispunha-se a isto. O Facebook fez o resto. 

Uma das pessoas que um dia (não há muito tempo) considerei alguém que mais estimava e mais achava ser das melhores pessoas do mundo, alguém por quem tinha muito carinho, casou. Já este ano. Eu soube porque encontrei-a por acaso no FB.

Verdade seja dita, não falamos há quase 2 anos. Verdade seja dita que em Março de 2009 embalei o presente de anos dela (de Setembro de 2008), e os presentes de Natal dela e da mãe mais o presente de anos da mãe (de Janeiro 2009), meti-os no correio com um post-it a dar a despedida que se tornara moribunda por mais que eu tentasse que ela não definhasse.

Primeiro foi o namoro. Os fins de semana eram divididos fora de Lisboa (casa dele) ou em Lisboa (com ele) e nunca havia tempo ou interesse em combinar coisas. Depois acabou o namoro, era a pós graduação e o trabalho. Os encontros rareavam cada vez mais. Resumiam-se aos meus aniversários e aos dias pré-natalícios. Nunca era convidada para os aniversários dela.

Cada vez menos me respondia às mensagens, ou aos emails ou aos telefonemas. 

Os presentes passaram a ser coisas nada a ver comigo, comprados ou reciclados à pressa, enquanto eu me esforçava para encontrar o presente especial. Em 2008 já não houve boas festas quanto mais tradicional chá em minha casa. No meu aniversário já não houve nem sequer uma SMS e eu cansei-me. 

Chegou a um momento em que, tal como numa relação, uma pessoa deixa de lutar, é realista e assume as merdas de frente. Pelos amigos tudo, mas há tolerância e quando se percebe que a outra pessoa nos exclui, é enfiar a viola no saco e ir cantar para outra praça.

A questão é que nunca nos chateámos, nunca deixei de ser quem sou e não me parecia que ela tivesse mudado mas aparentemente a química morrera. Achei que entre amigos, em estado adulto, isso não acontecia. 

Aparentemente, fui rejeitada. Esta merda dói, mesmo que seja a posteriori. Na altura, cortar com ela custou mas era uma época em que havia tanta coisa má na minha vida que o caminho fazia-se andando. 

Mas, magoa. À distância, magoa perder uma referencia sem se saber porquê. Uma pessoa dá-se, cria raízes, partilha momentos da vida, ri-se e chora-se, apoia e é apoiada e, de repente, os estilhaços acabam por fazer mossa. Não ter participado num momento importante da vida dela, deixa-me  triste.

Numa amizade, não entendo. 

Como uma vez ouvi numa peça de teatro, são as boas pessoas que nos lixam a vida. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Devo ser a unica mulher

Que gosta do Mr. Big. Pois que gosto.  Enquanto a Carrie era uma tonta sempre à procura de validação e de "sinais", a complicar, a remoer, ser gaja portanto, o Mr. BIG imperfeito as may be era divertido, charmoso, sedutor, seguro (o possível dentro do género dos homens, claro), pragmático.  E sempre adorou aquela tresloucada acompanhada de outras gajas ainda mais gajas e mais loucas.  Fugiu no dia do casamento? Pois foi. Mas casaram, não casaram? Deu-lhe o closet e um diamante negro.  Eu gosto mesmo muito do Mr. BIG. Alguma vez o panhonhas classe media do Steve? Ou o careca judeu que andava nu em casa? Por Sta. Prada, naooooooooo! 

I used to love it...

Do acosso

Este calor que se abateu com uma força agressiva consome qualquer resistência.  O suor clandestino esbate vergonha e combate qual sabre as dúvidas.  A noite feita à medida de libertinos cancela as vozes interiores que alertam para mais uma queda dolorosa. A brisa quente atordoa, embriaga no contacto com a pele. O tempo pára, as palavras suspendem entre olhares que sustentam no ar tórrido toda a narrativa; qual pornografia sem mácula, mas plena de pecado. A lua cheia transborda e dá luz à ausência de sanidade que percorre no corpo. Tudo parece possível, uma corrente de liberdade atravessa-nos com o sabor do quente esmagado. E, mesmo assim, pulsa algo mais intenso. Mais derradeiro. Mais dominador. Mais perverso que o toque dos dedos. Mais agressivo que a temperatura irrespirável. O freio da impossibilidade.  A intuição luta com o medo e na arena o medo mesmo que picado tem sempre muita força. O medo acossa-nos.