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Das certezas

Desde pequena (sim, como se tivesse crescido imensoooo...), que tenho duas grandes certezas: que sou do Benfica (always) e que não sou religiosa. Bom, naquela altura, não seria, de todo, católica, que era a única fé com a qual tinha contacto mais próximo.

Sempre me senti mal em igrejas. A solenidade eucaristical, o ambiente pesado, o silencio, o escuro, o respeito, o medo, o conteúdo discursivo, o cheiro a velas, a mofo, tudo me tirava o ar. Era o maior dos sacrifícios (pior que ir ao circo), era uma tortura, sentia-me verdadeiramente forçada a por um pé numa igreja, mesmo em visita. E esse sentimento durou muito tempo. Só em adulta consegui ser turista no reduto clerical.

E vá que desde antes dos 6 anos já boicotava as idas à missa como gente grande e ganhei uma aversão àquilo tudo de tal maneira que nem catequese, nem primeira comunhão.

Mantenho-me fiel agnóstica mas há dias em que penso que se não seria mais fácil ter a doçura da fé. Nela repousar a esperança e o lado positivo da vida. Nela encontrar o conforto de um melhor amanhã quando as coisas não têm o desfecho que queremos

Não pretendo mudar de opinião, mas assim, resta-me sofrer só em antecipação, sofrer quando tudo corre mal e saber que só posso contar comigo quando a desilusão se abate. O pragmatismo e o racional são algo solitários e pouco meigos nestes dias.

São as escolhas que nos justificam. Há que aceitá-las.

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