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Crise Política - a análise que faltava (2)

Sou uma queque, no sentido em que não gosto de manifestações. Como diria o Ricardo Araújo Pereira, "já o escrevi em sede própria", que aos 5 anos me levaram a uma manif do 1º de Maio e fiquei toda queimada da cabeça com aquilo. 

Porém, e face aos novos desenvolvimentos que agitam as águas políticas deste pantanal, que até já levaram ao corte do rating (ainda que as agencias também sejam umas aldrabonas como se sabe) acho que talvez faça sentido começar a pensar numa coisa dessas. 

Citando o António Barreto, o "jogo de rapazolas, de pessoas pouco interessadas nos problemas do país (...), mesquinhas e (...) marialvas, a brincar com um país" fez com que o xadrez político se tenha alterado (falar de xadrez sobre estas pessoas até é sacrilégio)

Assim sendo, aproxima-se a chegada de uma nova brigada de heróis pra' tomar de assalto o poder. Bom, dizer que é uma brigada nova é brincadeirinha, porque o circo vem com as mesmas atracções. Um ou outro malabarista novo mas grosso modo os suspeitos do costume. 

O que eu gostava mesmo de ver era tomates para credibilizar a coisa pública. 

Prender Dias Loureiro e seu gang de malfeitores de colarinho branco.  Pôr Armando Vara, a sua agenda maravilha, e a manada que anda à volta dele, todos com farda da cadeia. Isaltino, Avelino, Fátima, Narciso, AJJ e demais... A marchar para o reality show "the biggest thief". Caso Freeport: resolver e prender. Sobreiros e submarinos, Espirito Santos e pessoal catita do CDS todos a uma só voz: culpados! 

Temos vivido sem pouca ou nenhuma renovação política, com uma classe fraca, com honrosas excepções. Temos votado em pessoas que desconhecem o conceito de bem publico, alias, são ignorantes sobre o que é exercer um cargo político. O compadrio, o amiguismo, as jotas, as influencias, a corrupção têm sido validadas por nós, eleição atrás de eleição. 

Porque, enquanto cidadãos, não temos cultura de exigência, de excelência, de rigor, de comunidade e deixamos andar, fechamos os olhos pois, no nosso dia a dia, também gostamos da cunha, fazemos choradinho para não sermos multados enquanto conduzimos e falamos ao telefone. 

Por isso, as campanhas são uma merda. As pessoas insultam-se e não discutem o que vão fazer, porquê, como e com que objectivos. Por isso, elegemos o Silva, que manipula a seu jeito daquela forma arcaica, que tem o sentido de Estado de uma ervilha e nunca explicou nem a casa da coelha nem as acções. Pornográfico. Nem vai dar cavaco ao país do que realmente se passa e para onde se tem que ir. Ui, que maçada, fazer política e falar sem sobre Keynes. 

Se se fizesse uma manifestação a pedir mais, mais deles e de nós, eu até ia. Mas tuga que é tuga pega no megafone e culpa os outros. 

O Ken de Massamá, o lança-charme dos bloggers, vai ser eleito e tudo vai ficar na mesma. Até podemos minorar a crise com as medidas que ontem foram vetadas. Até podemos não ser expulsos da UE. Mas conseguiremos mobilizar-nos e sermos mais atentos, exigir a quem nos representa que não seja uma vergonha? Que honrem o privilégio de sentar o cu na majestosa Assembleia? 

Tenho pouca fé. Ainda bem que seja agnóstica. 

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