Avançar para o conteúdo principal

Happy B'Day Mr. President *

* Ou como quem diz... Bem-vindo aos 35 anos, Melhor Amigo - Parte I


___________________________________________________________________

Quando conheci o S. era roliça, usava calças encarnadas da Benetton, sweatshirt azul das Amarras, camisa branca aos quadrados azuis, mocassins de vela, relógio azul da Benetton e mochila Chevignon. Um cromo. Com óculos e tudo. E uma melena cor de burro quanto foge sem qualquer fio de cabelo domável.

Acabara de mudar de escola, nos idos anos de 1991, e apesar de ser muito sociável e ter sempre resposta pra' tudo, desconfiava de qualquer sombra andante. Era avessa às pessoas, não dava abébias a ninguém e andava sempre de óculos de sol. 

A turma era um misto de meninos e meninas que haviam saído das amarras dos colégios privados, com a franga em toda a sua soltura, com outros claramente a cair pró' delinquente, uma outra categoria de neo-hippies a descobrirem o charro e eu. Sempre desfasada.

Desde então, o S. manteve-se na minha vida com a mesma constância como durante três anos íamos e vínhamos da escola, no mesmo autocarro; íamos ao cinema semanalmente, conversávamos ao telefone, à noite; ou safávamos cábulas um ao outro. Com as devidas distâncias porque já não nos vemos todos os dias, já não partilhamos o 63 de Benfica-Hosp Stª Maria-Benfica e já não atravessamos os baldios a pedir assaltos até à Cidade Universitária. 

Não obstante, a minha amizade para e com S. mantém-se inabalável. Sobreviveu a uma cabeçada que me levou para o Hospital e me colocou o olho negro durante duas semanas. Sobreviveu a um murro num braço por causa do Futre. Sobreviveu a maratonas de gargalhadas até às lágrimas e à dor de barriga com tanto disparate junto. Sobreviveu a filmes estranhissimos, mas com uma aparente "excelente" mise-en-scéne (a puta, que não me salvou do frio do Nimas, no Inverno). Sobreviveu a um mestrado nos EUA. Sobreviveu a uma namorada que eu NÃO SUPORTAVA nem com fondue de chocolate. 

Fortaleceu-se com o meu sobrinho Zé Pedro. O melhor presente que S. me deu em (ou isso ou Títulos Benfiquistas que ele me ofereceu num Natal e que não valem nada, hoje!!!!) nestes 19 anos de amizade. 

Quando o meu pai morreu, a primeira pessoa a quem liguei foi a S. Sofro, em silêncio, com o estado de saúde da mãe dele. Quando lhe deu a avaria cardíaca, entrei em espiral. Anos anos, sonhei que ele morrera e não descansei enquanto não o acordei na manhãzinha seguinte para saber se estava bem; ainda levei um raspanete mas estava num desassossego. 

Sou a sua maior fã enquanto estrela de TV. Tenho saudades de irmos ao cinema. Enche-me de orgulho de ver o quão bom pai ele se revelou. Tal como é tão boa pessoa. 

Eu sou a sua PDM. Ele é o meu primeiro melhor amigo. 

PARABÉNS PELO 35º ANIVERSÁRIO, SLB!



Comentários

Magnolia Azul disse…
Vá S., solta a lágrima... Esta maluca adora-te mesmo!
S. disse…
1) Não eras roliça.

2) A cabeçada foi sem querer. Já a do Futre foi merecida.

3) O único filme que eu vi contigo no Nimas foi o "Viagem de Felícia". Não achei nada de especial. Dei-lhe um "2". A mise-en-scène pelos vistos não bastou...

4) "Operação Coração", não eram "Títulos Benfiquistas". E eram caros, como o caraças!

5) Podemos ir ao cinema sempre que quiseres. Basta telefonares.

6) "Anos anos"?!?!? Estavas a ir tão bem sem as gralhas...

Se eu não fosse uma 'besta' ter-me-ia emocionado com esse teu texto. Mas, como sou, emocionei-me, mas tenho que o desmentir publicamente... :-) Bjs.
Tigrão disse…
Mesmo com esses 6 reparos (todos pertinentes), quem lacrimejou fui eu e o Bonga. Ambos da mesma maneira, com uma lágrima no canto do olho...

Mensagens populares deste blogue

Devo ser a unica mulher

Que gosta do Mr. Big. Pois que gosto.  Enquanto a Carrie era uma tonta sempre à procura de validação e de "sinais", a complicar, a remoer, ser gaja portanto, o Mr. BIG imperfeito as may be era divertido, charmoso, sedutor, seguro (o possível dentro do género dos homens, claro), pragmático.  E sempre adorou aquela tresloucada acompanhada de outras gajas ainda mais gajas e mais loucas.  Fugiu no dia do casamento? Pois foi. Mas casaram, não casaram? Deu-lhe o closet e um diamante negro.  Eu gosto mesmo muito do Mr. BIG. Alguma vez o panhonhas classe media do Steve? Ou o careca judeu que andava nu em casa? Por Sta. Prada, naooooooooo! 

I used to love it...

Do acosso

Este calor que se abateu com uma força agressiva consome qualquer resistência.  O suor clandestino esbate vergonha e combate qual sabre as dúvidas.  A noite feita à medida de libertinos cancela as vozes interiores que alertam para mais uma queda dolorosa. A brisa quente atordoa, embriaga no contacto com a pele. O tempo pára, as palavras suspendem entre olhares que sustentam no ar tórrido toda a narrativa; qual pornografia sem mácula, mas plena de pecado. A lua cheia transborda e dá luz à ausência de sanidade que percorre no corpo. Tudo parece possível, uma corrente de liberdade atravessa-nos com o sabor do quente esmagado. E, mesmo assim, pulsa algo mais intenso. Mais derradeiro. Mais dominador. Mais perverso que o toque dos dedos. Mais agressivo que a temperatura irrespirável. O freio da impossibilidade.  A intuição luta com o medo e na arena o medo mesmo que picado tem sempre muita força. O medo acossa-nos.