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o temivel dia 5 de junho

Se há dia em que devemos ir votar seria dia 5 de junho. 

É daqueles momentos em que nem praia, nem almoços de familia, nem casamentos, nem sexo com a vizinha boa devem ser desculpa. Há mesmo que ir votar. E nem o stress do cartão de cidadão pode dar direito a justificação. Votar é imperioso, é fundamental.

Ora bem, tudo isto é catita se não fora o facto de que uma pessoa dirige-se ao seu sitio, dão-lhe o papel para colocarmos a cruz e... PÂNICO! E agora? Os candidatos são todos merdosos. Ponto.

Por um lado, enquanto pessoa de bem, quero cumprir, dia 5 de junho, mais do que nunca, o meu direito de cidadã. Por outro, enquanto ser racional, é-me impossível cumprir o dever da caneta. Não dá! 

Ora, temos um candidato a primeiro ministro, que enquanto tal, durante 6 anos, e apesar de tudo de positivo que possa ter feito, arruinou a sua credibilidade e deu a machadada no país. Porque mentiu. Podem-me dizer que todos os políticos mentem, mas a mulher de césar... E Sócrates mentiu, camuflou, fez spin da informação e rodeou-se de gente que não interessa nem ao Pai Natal (Armando Vara, diz-vos alguma coisa???). Num país como deve ser, e independentemente do resultado, Sócrates devia justificar-se judicialmente pelo modo como governou e permitiu despesismo (já agora, Durão e Cavaco também deviam sentar-se no banco dos réus). 

No PSD, Ken de Massamá- o Africano não tem mão num bando de abutres que já rondam os lugares de poder, inebriados com os futuros "jobs" e, com rédea solta, só fazem palhaçadas, contradizem-se, ostensivamente dizem que não querem cumprir alguns ditames do que a Troika decidiu. Se Ken, o Africano, não tem mão em pessoas de adiantada idade (Catroga, Leite de Campos), como podemos deixá-lo gerir o país? Como podemos votar em alguém que não entende o ridículo a que expõe a sua família ao dizer que é o mais africano dos candidatos porque casou com uma guineense (foi de propósito, pra' ficar bem nesta fotografia?)

Depois vem o Paulinho. Eloquente, sagaz,  brilhante, fortíssimo em debate, manipulador, tudo nele transpira habilidade, inteligência e demagogia. Se ele fosse primeiro ministro receio que os casamentos gay ou a lei do IVG iam mas era arder no Inferno.

Desconto da equação, e até de modo anti-natura, a  esquerda. Não só o Louçã parece um padre enraivecido, como o PCP não excomunga o chato do Bernardino Soares mas, ainda, e pior,  a posição de ambos os partidos perante o FMI e o BCE foi de uma irresponsabilidade tal, que nem merecem sentar o rabiosque contestário no hemiciclo (e eu gosto de touradas, pronto!).

Na minha epifânia, todos os votantes de bom senso, chegariam às salas de voto, no seu papelinho escreviam Troika, faziam um quadradinho manual mas perfeito e botavam lá a cruz. Porque uns senhores que em poucas semanas, diagnosticaram o pais, elaboraram um programa de governo de 34 páginas (eh, pá, eficiência!) e estiveram focados à sua tarefa, fizesse sol ou chuva, fosse semana ou dia de descanso, merecem o meu respeito. E acho que, enquanto povo que não se governa, nem se deixa governar, precisamos de fazer outsourcing da coisa a profissionais. Era inteligente...

Como me disseram que isso seria voto nulo, por muitos seguidores que conseguisse arranjar, continuo com o mesmo problema.

E a culpa é de quem? Dos meus con-cidadãos, especialmente os que são mais velhos que eu. Porquê? Eu passo a explanar.

Chegámos a um ponto crucial da nossa participação politica porque temos sido politicamente geridos por incompetentes. Por pessoas fraquinhas. Não quer dizer que nas bancadas não existam alguns eleitos empenhados, ciosos da sua função e dedicados ao seu dever. Mas os que têm mesmo o poder (e não falo do Ricardo Salgado), são grosso modo, uma nulidade. Uma verdadeira nódoa. 

E, mais uma vez, porquê? 

Porque durante anos, gerações de tugas deixaram que na Assembleia da Republica, nas Câmaras Municipais e and so on, and so on se fossem amontoando pessoas de má índole, corruptas, "poucachinhas" mas com dom da chico-espertice e de se colarem que nem osgas a quem sobe na escada do poder. 

Porque, durante eleições, atrás de eleições, validámos listas com Dias Loureiro (alguém tem tentado apanhá-lo ou o Sr. Silva não deixa?), Armando Vara, Jorge Coelho, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Alberto João Jardim... pessoas destas, e os seus ASPONES*, que foram vencendo e espalhando, como cancro as suas raízes contaminadas. E quanto mais estes exemplos ganhavam espaço, mais criaturas desta espécie nojenta se iam multiplicando. 

Porque não se cortou com este ciclo vicioso? 

Porque não puniram os eleitores, nas urnas, os seus partidos que não desistiam destes caciques meliantes? 

Porque somos acomodados, porque só queremos saber de futebol e telenovelas e programas de gordos. Porque quando chega a vez de fazer a cruzinha, faz-se na do costume ou noutro novo, porque se engraçou com a cara do líder. E, sobretudo, porque este povo tuga, mais tarde ou mais cedo, gosta de ter alguém que lhe faça um "favorzinho", alguém que lhe arranje uma "cunha", que evite que pague um imposto qualquer da casa. Inconscientemente, não punimos os outros porque, talvez, no lugar deles, àquela escala faríamos o mesmo. Ou, simplesmente, não nos sentimos confortáveis em castigar pessoas que são como nós.  

Pela incúria dos votantes, chegámos a este ponto. Pela falta de verdadeiro sentido de cidadania e participação socila, deixámos que gentinha inferior decidisse os caminhos sinuosos do país. 

Conclusão: vou votar Garcia Pereira. 

a) não voto em mais nenhum FdP; 
b) porque é o chefe do meu advogado, por quem tenho imenso respeito;
c) porque por fim dariamos a oportunidade ao Garcia Pereira de desiquilibrar e expor as fraquezas do sistema. 
d) porque sim!




* ASPONES = assessores de porra nenhuma

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