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Dos talvez



Talvez seja um doce e longo desencontro. Pessoas que colidem em diferentes momentos quando há um lapso de tempo de oportunidade, mas são arrastados para fora de rota. 

Nesses intervalos a química toca-se, o círculo de afinidades alarga-se, a cumplicidade ganha raízes. Há uma sensação ténue de pertença que não passa de uma afiada ilusão. 

Por cada acaso há uma descoberta, algo que enriquece e dá substância a este suave fado de pessoas que não estão destinadas. Talvez por cada disrupção do universo que gera renovada batida acelerada do coração, seja mais claro que será sempre uma sucessão de episódios únicos, fortes, derrubadores, que se esgotam e de novo a torrente nos leva para longe. 

Talvez seja violento mas perene. 

Talvez seja o que faz sentido mas o que o calendário de circunstâncias veda. 

Talvez seja o sim que sucumbe perante o óbvio não. 

Talvez, afortunados os que o vivam.

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