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Do caos







Como se tornou tão difícil? Onde erramos? Foi apenas o contornar de Peter Pan? Crescer é assim?

Socorro, prefiro a adolescência, o momento mais tenebroso de todo sempre. O desencaixe total. Mas pelo menos dai em diante havia de melhorar. As nossas vidas seriam uma corrida de F1 no Mónaco, sempre a abrir mas com uma vista do caraças. O motor potente das nossas capacidades, a leveza do carro sempre seguro ao chão consciente da nossa força, o brilho da taça erguida várias vezes com espuma a embriagar-nos pelos nossos feitos, a sensação afrodisíaca de cortar a meta por nós, com o mundo resolvido e as certezas alinhadas na mente e no corpo. 

Como ficámos tão insensíveis? Tão medrosos? Tão fracos? Tão inseguros? Tão incapazes de controlar as curvas que colhemos os demais neste desvario, só porque sim? Temos um capacete protector, fatos que nos sufocam mas nos amparam nos peões, mas mesmo assim não se corre para ganhar, mesmo que a pista esteja molhada e os pneus não sejam de chuva. E, daí? Preferível travar a medo e qual carrinho de choque atacar os demais? Pancada de lado, pancada de frente. Como agredir fosse a única forma de interação possível a quem não sabe o que quer ou como quer. 

Deve ser sorte. Ou sapiência. Ou capacidade de decisão. Não deixa de ser um caos em perpétuo movimento. 

Mas ando de transportes. Entro para o destino que me apetece, saio quando prefiro inflexão de percurso, desfruto da paisagem, giro os meus tempos e chego sempre primeiro. Tirei o L123 do que quero. E uso-o sempre.

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