Avançar para o conteúdo principal

Da perda







Juntos, quase não se distingue onde começa e acaba a pele de cada um de nós. A mesma fome, o mesmo abandono, a mesma busca de aconchego, silencio e de risos autênticos. A mesma vontade de sentir o corpo numa invasão de descoberta e mente em divagação por novos mundos. As mesmas inquietações, o mesmo olhar indomável, o desejo natural. 

Mas mal viramos costas, algo desaba e um afastamento desenha-se. Onde em mim radica vontade de sentir intensamente e entrega em desapego, em ti vivem receios, travões e simulações. 

Ora és, ora não estás. Ora me sinto capaz de te proteger, ora me deixas sem guarda perante a tua falta de querer estar nos meus braços. O nosso passo, a dois, em tango sensual, desacerta-se, desconcentra-se, perde-se. 

E perdemos, ambos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Devo ser a unica mulher

Que gosta do Mr. Big. Pois que gosto.  Enquanto a Carrie era uma tonta sempre à procura de validação e de "sinais", a complicar, a remoer, ser gaja portanto, o Mr. BIG imperfeito as may be era divertido, charmoso, sedutor, seguro (o possível dentro do género dos homens, claro), pragmático.  E sempre adorou aquela tresloucada acompanhada de outras gajas ainda mais gajas e mais loucas.  Fugiu no dia do casamento? Pois foi. Mas casaram, não casaram? Deu-lhe o closet e um diamante negro.  Eu gosto mesmo muito do Mr. BIG. Alguma vez o panhonhas classe media do Steve? Ou o careca judeu que andava nu em casa? Por Sta. Prada, naooooooooo! 

I used to love it...

Do acosso

Este calor que se abateu com uma força agressiva consome qualquer resistência.  O suor clandestino esbate vergonha e combate qual sabre as dúvidas.  A noite feita à medida de libertinos cancela as vozes interiores que alertam para mais uma queda dolorosa. A brisa quente atordoa, embriaga no contacto com a pele. O tempo pára, as palavras suspendem entre olhares que sustentam no ar tórrido toda a narrativa; qual pornografia sem mácula, mas plena de pecado. A lua cheia transborda e dá luz à ausência de sanidade que percorre no corpo. Tudo parece possível, uma corrente de liberdade atravessa-nos com o sabor do quente esmagado. E, mesmo assim, pulsa algo mais intenso. Mais derradeiro. Mais dominador. Mais perverso que o toque dos dedos. Mais agressivo que a temperatura irrespirável. O freio da impossibilidade.  A intuição luta com o medo e na arena o medo mesmo que picado tem sempre muita força. O medo acossa-nos.