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Da perda







Juntos, quase não se distingue onde começa e acaba a pele de cada um de nós. A mesma fome, o mesmo abandono, a mesma busca de aconchego, silencio e de risos autênticos. A mesma vontade de sentir o corpo numa invasão de descoberta e mente em divagação por novos mundos. As mesmas inquietações, o mesmo olhar indomável, o desejo natural. 

Mas mal viramos costas, algo desaba e um afastamento desenha-se. Onde em mim radica vontade de sentir intensamente e entrega em desapego, em ti vivem receios, travões e simulações. 

Ora és, ora não estás. Ora me sinto capaz de te proteger, ora me deixas sem guarda perante a tua falta de querer estar nos meus braços. O nosso passo, a dois, em tango sensual, desacerta-se, desconcentra-se, perde-se. 

E perdemos, ambos.

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