Avançar para o conteúdo principal

Da lembrança


É quando acordo cedo e bebo o primeiro café da manhã, ainda o sol desperta, e já espero o dia que se aproxima, sentada na varanda, apenas com a companhia confortável da solidão. 

É quando, de repente, no carro, numa loja, numa sala de espera, ouço aquela musica que enchia o quarto quando tudo desabava em caótica rebelião. 

É quando as noites frescas começam já a pedir camisola e um abraço suave, no silencio de um sofá, com atenção presa a um livro e a ausência de caricias no cabelo. 

É quando me lembro de ti. De nós. Do que eu era quando tu existias. De como tu vivias em mim. Do modo como entrelaçamos, em seu momento, as nossas mãos e a nossa calada cumplicidade. 

É quando custa mais já nada ser real.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Devo ser a unica mulher

Que gosta do Mr. Big. Pois que gosto.  Enquanto a Carrie era uma tonta sempre à procura de validação e de "sinais", a complicar, a remoer, ser gaja portanto, o Mr. BIG imperfeito as may be era divertido, charmoso, sedutor, seguro (o possível dentro do género dos homens, claro), pragmático.  E sempre adorou aquela tresloucada acompanhada de outras gajas ainda mais gajas e mais loucas.  Fugiu no dia do casamento? Pois foi. Mas casaram, não casaram? Deu-lhe o closet e um diamante negro.  Eu gosto mesmo muito do Mr. BIG. Alguma vez o panhonhas classe media do Steve? Ou o careca judeu que andava nu em casa? Por Sta. Prada, naooooooooo! 

I used to love it...

Do acosso

Este calor que se abateu com uma força agressiva consome qualquer resistência.  O suor clandestino esbate vergonha e combate qual sabre as dúvidas.  A noite feita à medida de libertinos cancela as vozes interiores que alertam para mais uma queda dolorosa. A brisa quente atordoa, embriaga no contacto com a pele. O tempo pára, as palavras suspendem entre olhares que sustentam no ar tórrido toda a narrativa; qual pornografia sem mácula, mas plena de pecado. A lua cheia transborda e dá luz à ausência de sanidade que percorre no corpo. Tudo parece possível, uma corrente de liberdade atravessa-nos com o sabor do quente esmagado. E, mesmo assim, pulsa algo mais intenso. Mais derradeiro. Mais dominador. Mais perverso que o toque dos dedos. Mais agressivo que a temperatura irrespirável. O freio da impossibilidade.  A intuição luta com o medo e na arena o medo mesmo que picado tem sempre muita força. O medo acossa-nos.